terça-feira, 5 de junho de 2012

Frio na medida certa


Climatização bem dimensionada e com tecnologia adequada garante conforto e não pesa nas despesas 


Com a construção civil a todo o vapor, a procura por sistemas de climatização continua bastante movimentada. As empresas especializadas nesse segmento estão se desdobrando para atender os clientes. E como a participação do ar condicionado no consumo final de eletricidade em prédios corporativos e shoppings pode variar de 30% a 60%, o melhor caminho é recorrer a quem entende dessa tecnologia. 

A boa notícia é que o mercado hoje está abastecido com o que há de mais moderno no cenário mundial desse segmento. Os principais fabricantes estão presentes no Brasil, e os lançamentos demoram pouco tempo para desembarcar aqui. O preço dos equipamentos também teve queda sensível, sobretudo os de uso doméstico, os familiares splits. Os sistemas maiores também experimentaram recuo de preço, mas como mão de obra e outros itens envolvidos na montagem ficaram mais caros, o custo de instalação vem apresentando certa estabilidade. 

O mais importante é que a evolução tecnológica trouxe junto melhor desempenho de consumo. Os aparelhos atuais são mais eficientes e econômicos, destaca o presidente do Departamento Nacional de Empresas Projetistas e Consultores (DNPC) da Abrava e diretor da Pensar Engenharia, Fábio Takacs. “Os equipamentos mais antigos consumiam 1,09 kW/TR (tonelada de refrigeração) e hoje estão na faixa de 0,05 kW/TR.” 

Nos chamados edifícios inteligentes, dependendo do grau de sofisticação desejada, sensores diversos espalhados pelos andares fazem a leitura de parâmetros dos ambientes, permitindo um controle praticamente automático da quantidade de frio demandada ao longo do dia. O armazenamento dessas informações compõe um histórico importante, que vai auxiliar na hora de decidir um retrofit ou substituição. 

Ambiente destrinchado 

De forma bem resumida, a complexidade em climatização de grande porte começa pela avaliação cuidadosa dos ambientes e pelo dimensionamento da carga necessária para refrigerá-las. Segue pela escolha da tecnologia mais adequada a essas condições, passando ainda pela opção do tipo de energia a ser usado. E, claro, é indispensável a estruturação de um bom plano de operação e manutenção. Lembrando ainda que até mesmo a tarifa de água local é um dado importante nos cálculos para chegar a uma composição equilibrada. 

Takacs observa que o dimensionamento deve ser feito segundo a Norma NBR 16.401, da ABNT. As variáveis são muitas, e tudo tem de ser processado por aplicativos apropriados. O espaço em si é apenas um ponto básico que tem de ser complementado com informações sobre clima da região, condições de isolamento, insolação em janelas ao longo do dia, movimentação de pessoas, carga  térmica de iluminação e de equipamentos.  

Em edifícios corporativos, por exemplo, o adensamento de ocupação nos últimos anos vem 
aumentando significativamente. Passou de 7 m2 para 4,5 a 5 m2 por pessoa. 

Central e local 

Há um sistema certo para cada situação, e a consultoria especializada é que vai indicar as 
possibilidades. Para se ter uma ideia, os equipamentos podem ser de operação central – com distribuição de ar frio por dutos – ou de expansão direta, quando se bombeia líquido refrigerante pelas diversas dependências, e até equipamentos que fazem a troca de calor em cada ambiente, individualmente, possibilitando ajuste fino de temperatura local. 

O líquido refrigerante é outro aspecto importante. Recomenda-se preferência pelos que, em caso de eventual vazamento, afetem o menos possível a atmosfera, por conta de efeito estufa. Takacs salienta, no entanto, que nenhum deles hoje traz na composição o cloro, o principal inimigo da camada de ozônio. 

Manutenção é fundamental 

A manutenção e a operação de sistemas de ar condicionado não é tarefa trivial. Regatear 
competência nessa área pode afugentar clientes ou, pior ainda, custar danos à saúde de funcionários. Sem falar no preço salgado de uma manutenção emergencial que envolva a substituição de um equipamento chave. E, claro, se algo não vai bem, a conta de energia pode, sim, se transformar em pesadelo. 

Assim como na instalação, pesa muito na balança a experiência acumulada na hora de cuidar como se deve desses ativos. E ao longo do tempo também há perda de rendimento que pode indicar o momento de substituição. No entanto, para se ter ideia de como vale a pena tomar conta bem de perto, há complexos com 25 anos de operação. 

Graças à conectividade e à sofisticação tecnológica atual também é possível monitorar a distância o funcionamento das centrais de climatização. Ao sinal de que algo não vai bem, um técnico se desloca para verificar a necessidade de reparo antes que tudo pare de funcionar. 

Os contratos com empresas especializadas variam muito de formato, e há alternativas para todas as necessidades. Empresas como a Dalkia Brasil, por exemplo, que ingressou no mercado nacional em 1998, preferem tomar conta de tudo. A companhia se vale de contratos bem abrangentes porque entende que, afinal, num shopping ou prédio comercial, há ampla interdependência entre as utilidades. Sistemas obsoletos de iluminação podem levar a um maior esforço no sistema de climatização, que, por sua vez, se não contar com água de boa qualidade, movimentada por bombas sempre afinadas, corre o risco de perder vida útil mais rapidamente, esclarece Heloisa Bomfim, desenvolvedora de Negócios da Dalkia Brasil.  

Além de manutenção e operação, a empresa também executa projetos e orienta na substituição de equipamentos, entre outras demandas, como a avaliação de contratação de energia no mercado livre de energia. Também atuam nessa área de climatização Light Esco, Ecogen Brasil, BGF e Eficientysul. (A.C.S.) 

O melhor dos mundos 

A cogeração é um bom exemplo de eficiência. A partir de uma plataforma básica de produção termelétrica, é possível ter suprimento de outras utilidades. Há otimização do combustível, que pode ser gás natural ou óleo combustível.  

Ou seja, além de eletricidade, com o aproveitamento do calor residual do equipamento produz-se água quente, que é resfriada por meio de chillers de absorção. Esse tipo de chiller opera a partir de um processo químico, e não por compressão, como nos modelo elétricos. Portanto, a geração de frio para climatização de ambientes sai por um custo marginal, explica Nelson Cardoso, diretor da Ecogen Brasil, empresa que possui vários sistemas instalados pelo Brasil. 

Entretanto, a instalação de uma central de cogeração se aplica a situações que precisam ser bem estudadas, porque o investimento inicial é elevado. É indicada, por exemplo, para atividades que não podem depender apenas da eletricidade oferecida pela rede pública, caso de grandes complexos corporativos, indústrias, hotéis e shopping centers. 

A viabilidade do projeto envolve a análise de uma série de dados, porque o retorno positivo também depende do preço do gás, comparado à variação do valor da tarifa de energia elétrica ao longo do dia. Por razões ambientais, em grandes cidades dificilmente é possível operar com óleo combustível. 

Uma alternativa é buscar empresas que trabalham com o sistema Build Operate and Transfer (BOT). O investimento é todo feito pela companhia, que passa a cobrar pelas utilidades oferecidas. No fim do contrato de longo prazo, o sistema é repassado ao cliente. (A.C.S.) 

Gás ganha espaço 

A climatização a gás natural é razoavelmente nova no Brasil. Não apenas por conta da oferta do energético, que vem sendo ampliada gradativamente ao longo dos últimos anos, mas também em razão da disponibilidade de equipamentos apropriados. 

A Comgás, que atende atualmente 67 cidades de uma área de concessão composta de 177 municípios, vem desbravando o segmento com muita vontade. Há grande interesse no potencial desse uso final como forma de alavancar os negócios da companhia. Pedro Luiz da Silva Jr., gerente de Cogeração e Climatização da concessionária, conta que a Comgás não só dá suporte inicial aos interessados como vem buscando desenvolver e diversificar o mercado de equipamentos, trazendo mais fabricantes ao país.  

A melhor forma de aproveitar o gás em climatização, segundo ele, é por meio da cogeração, mas há os chillers movidos a gás (para centrais de água gelada) e também unidades individuais de expansão direta que usam a tecnologia Gas Heat Pump (GHP). Silva Jr. informa que a climatização a gás é possível tanto em edificações que começam do zero como em ampliações ou retrofit em caso de fim de vida útil do sistema existente.  

O executivo tem argumentos bastante convincentes para quem questiona o desembolso inicial mais alto na compra dos aparelhos a gás. O investimento é recuperado ao longo do tempo com um custo operacional menor, que varia entre 15% e 30%, comparativamente à alternativa elétrica.  

A confiabilidade do fornecimento pode ser conferida pelos indicadores de 2011: 12,18 horas/ano de interrupção para energia elétrica contra 0,089 hora/ano para o gás. E quanto à disponibilidade, o executivo lembra que a Petrobras está ampliando o sistema de compressão que envia o energético a partir da Bacia de Santos. “E mais novidades virão por aí no curto prazo”, promete. (A.C.S.) 

Fonte: Revista Brasil Energia 

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