segunda-feira, 23 de julho de 2012

Mercado brasileiro de óleo & gás: um panorama do setor

É quase um consenso que o mercado brasileiro de Óleo & Gás, principalmente após as descobertas do pré-sal, está repleto de oportunidades de negócios. De acordo com um estudo da PFC Energy, com o desenvolvimento das reservas recém-descobertas, o Brasil será o país com maior crescimento de produção dentre os países fora da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) até 2030.

Com base em dados da Agência Nacional do Petróleo (ANP), a produção de petróleo no Brasil, em 2010, atingiu a marca de 2,137 milhões de barris por dia, representando 30,57% da produção na América Latina (a título de comparação, a Venezuela representa 35,35% do mercado na região).

Por localização, o mercado offshore foi responsável por mais de 90,0% da produção nacional em 2010, sendo que, após as descobertas do pré-sal, esta disparidade com relação ao mercado onshore pode aumentar ainda mais.

Com relação às operadoras, a Petrobras é a principal empresa do setor, responsável por quase 90% da produção nacional e sendo a grande detentora das áreas de concessão no pré-sal. Com um plano de investimento arrojado de US$ 236,5 bilhões entre 2012 a 2016, a empresa atrai, constantemente, diversas empresas para iniciarem atividades no Brasil ou expandirem seus negócios para o mercado de óleo & gás. A metodologia de atuação da Petrobras neste setor, no caso da necessidade de construção de uma nova plataforma de exploração ou de uma unidade de refino, baseia-se na contração de empresas EPCistas (empresas responsáveis pelo projeto, construção e start-up de unidades), cabendo a Petrobras gerenciar os projetos a fim de assegurar que a qualidade e o prazo do projeto está sendo cumprido.

Assim, constantemente, diversas empresas iniciam o processo de certificação da Petrobras, a fim de se tornarem fornecedores oficiais de uma das maiores empresas do mundo e, com isso, se beneficiarem de tais investimentos.

Se, por outro lado os impulsionadores deste mercado são inúmeros, os desafios que novos entrantes vão enfrentar também não serão pequenos, além de atravessar um processo de certificação moroso (que, em alguns casos, pode demorar anos para ser obtido), há alguns estigmas em torno da Petrobras, conforme explicitado até em seu atual plano de negócios, com relação ao não cumprimento de metas de produção ou à atraso de projetos.

Assim, muitas vezes é mais vantajoso (e mais fácil) entrar no mercado brasileiro através de parcerias com outras operadoras, uma vez que a certificação exigida não é tão criteriosa. Empresas como Shell, Statoil ou British Petroleum já possuem tradição no mercado brasileiro e, normalmente, atuam no mercado offshore (por ser mais rentável, já que o potencial de extração é muito mais elevado comparado ao ao mercado onshore), permanecendo, o mercado onshore, dominado por empresas de menor porte no cenário nacional, como a Reconcâvo E&P ou Gran Tierra.


 
É importante mencionar que o mercado onshore de óleo & gás atravessa uma fase complicada. De acordo com dados da ANP e diferentemente do mercado como um todo, a produção onshore, na realidade, diminui 1,73% entre 2001 a 2010. Sendo que, parte deste processo, pode ser explicado pela própria atuação da Petrobras no mercado, onde, a fim de garantir sua soberania nacional, participa de licitações da ANP, adquirindo o direito de exploração de determinadas áreas e, por não serem tão rentáveis, permanecem em segundo plano frente as prioridades da empresa.

O atual questionamento do mercado seria até quando essa situação será sustentável, já que o Brasil possui outras operadoras que teriam interessem em explorar esses campos marginais, contudo não possuem o direito para isso, ademais, existem fornecedores de equipamentos e soluções para o mercado onshore que estão tendo dificuldades para se manter no mercado, uma vez que não há investimentos no setor.

Enfim: não há duvidas que o mercado brasileiro de óleo & gás está crescendo – e o desafio é criar mecanismos de modo a incentivar tanto o mercado onshore quanto offshore. Além disso, desafios e incentivos à parte, não há como negar que este setor impacta outros segmentos da economia, como a indústria de gás, a indústria naval, a indústria química, a indústria de açúcar e etanol, etc., beneficiando ou até mesmo prejudicando estes outros segmentos.

Assim, a idéia para blogadas futuras será discutir, de uma maneira mais profunda, como outros segmentos são afetados por estas medidas. Principalmente a área de geração de energia a partir do gás natural, que tem registrado polêmica nos últimos leilões de energia realizados pelo governo.
Fonte: Blog da Energia

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