segunda-feira, 23 de junho de 2014

A nova oportunidade onshore no Brasil

A indústria de petróleo e gás do Brasil tem grandes oportunidades onshore com os novos blocos convencionais e não convencionais que chegaram ao mercado em 2013. Mas para tirar o máximo dessas novas reservas, os operadores precisarão de novas capacidades e habilidades para operar de forma eficiente.
Se a construção de um poço em águas profundas é como construir um arranha-céu, no qual as habilidades de planejamento detalhado e excelente gerenciamento de projetos são valorizados, então podemos pensar que a construção de poços onshore é parecida com o desenvolvimento de uma área de casas, onde a eficiência e um modelo replicável são essenciais para o sucesso. Ambos são projetos desafiadores que requerem um conjunto especializado de habilidades e excelência operacional, a fim de realizar toda a execução com sucesso. Mas saber como construir um não lhe prepara para enfrentar os desafios do outro, pois novos recursos devem ser aplicados para ser bem sucedido.
Os executivos da indústria de petróleo e gás do Brasil estão agora lutando contra esse desafio. Eles passaram décadas acumulando experiência em perfuração em águas profundas e produção. Porém, para prosperar nas recentes oportunidades em terra do País, eles terão que implementar um novo conjunto de capacidades para sites convencionais enão convencionais. Até recentemente, a história do petróleo e gás no Brasil foi, em grande parte, relacionada com a atividade offshore e as grandes descobertas na camada pré-sal, e os volumes no exterior têm ofuscado os “em terra”. Além disso, neste ano, a 11- rodada de licitação de blocos de hidrocarbonetos deu nova energia ao mercado onshore.

No Brasil, pode ser que demore cerca de 10 anos para o gás de xisto se tornar economicamente viável, dada a falta de exploração, poços e dados de campo em mais de 90% da região, a falta de regulamentação sobre o gás de xisto e, mais importante, a insuficiência de infraestrutura de transportes para conectar os campos ao mercado.
Mas o sucesso onshore poderia ser um divisor de águas para o Brasil. A produção de gás do país por dia poderia saltar de 70 milhões de metros cúbicos para potencialmente mais de 130 milhões de metros cúbicos em 2020. Ao todo, a história do onshore está prestes a mudar radicalmente a indústria de petróleo e gás no Brasil, mas vai desafiar os recursos locais e habilidades, especialmente em campos não convencionais.
Então, o que deve estar na mente dos operadores quando olham para essa oportunidade?
Os reservatórios terrestres são mais fáceis de alcançar, entretanto eles apresentam um conjunto diferente de desafios. A eficiência é um dos maiores deles. Usar o capital de forma eficiente e mantendo os custos operacionais sob controle não só leva a resultados financeiros saudáveis, mas também faz com que os novos projetos sejam viáveis, permitindo assim que as empresas explorem as reservas mais recentes.
Outro grande desafio é conseguir explorar ainda mais os campos maduros, com o mínimo de despesa. Em média, mesmo depois de 20 anos de produção, mais de um terço de hidrocarbonetos recuperáveis podem permanecer num campo. Mesmo um pequeno aumento na eficiência de recuperação pode estender a produção mais dois ou três anos nesses poços, e a rentabilidade adicional pode ajudar a alimentar novos investimentos. Aqui, novamente, muitos operadores se concentram na tecnologia, ainda que para capturar o máximo possível uma abordagem abrangente seja necessária.
Mudar táticas para ter sucesso no ambiente não convencional pode não ser fácil para as organizações que construíram seu sucesso em um ambiente de águas profundas com requisitos de engenharia avançados. Para ter sucesso nessa arena, elas terão de aprender a mover-se em um ritmo diferente e sob uma concepção de lucro diferente. Assim como o contraste entre a construção de um arranha-céu e de uma área de casas, os campos não convencionais terrestres requerem um processo em que velocidade, eficiência, padronização e repetição são as chaves para o sucesso.
Tudo isso sugere enormes oportunidades para as empresas que podem trazer à vida todo o potencial das reservas de gás terrestres, convencionais e não convencionais. Aquelas que se concentram em superar os desafios enfrentados pelos operadores e suas cadeias cie abastecimento terão uma maior chance de ganhar neste novo cenário.

Fonte: Brasil Econômico

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