terça-feira, 13 de junho de 2017

Abiogás projeta expansão do biometano

Os produtores de biometano (biogás purificado) estão na expectativa de que, muito em breve, uma nova resolução da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) possa contribuir para ampliar as oportunidades dentro do setor. Conforme a Associação Brasileira de Biogás e Biometano (Abiogás), a perspectiva é de que ainda neste ano seja estipulada a regulamentação do biometano oriundo dos resíduos sólidos urbano, o chamado gás de aterros sanitários e de estações de tratamento de efluentes (esgoto).
O conselheiro da entidade Maurício Cótica recorda que há dois anos não havia sequer uma regulamentação que reconhecesse o biometano como combustível no Brasil. Essa condição mudou com a resolução número 8 da ANP, publicada no início de 2015, que normatizou a questão relativa a esse biocombustível gerado a partir de rejeitos agrossilvopastoris.
Cótica enfatiza que, além do potencial de produção de um combustível renovável, a atividade propicia uma destinação correta a materiais que podem ser considerados como passivos ambientais. É possível utilizar na produção de biogás resíduos como dejetos de suínos, de gado, cascas de laranja, entre outros.

Enquanto o biogás pode ser utilizado para a geração de energia elétrica ou térmica, o biometano é indicado para o uso veicular, já que é preciso um grau de pureza maior para essa finalidade. O segmento está em evidência atualmente no Rio Grande do Sul. Hoje, a partir das 9h, será aberto o 1º Fórum Estadual de Biogás e Biometano no UCS Teatro, na Universidade de Caxias do Sul. O evento será encerrado amanhã, às 16h30min. Cótica ressalta que o encontro promoverá uma discussão com diferentes empreendedores, trazendo também a participação do lado acadêmico. Um dos tópicos que será abordado é realização da chamada pública para aquisição de biometano por parte da Companhia de Gás do Estado do Rio Grande do Sul (Sulgás).
O presidente da estatal, Claudemir Bragagnolo, diz que a chamada pública deverá ser publicada ainda neste ano, entretanto prefere não estipular uma data específica. A medida, antes de ser concretizada, ainda precisa ser submetida à análise da Procuradoria-Geral do Estado do Rio Grande do Sul (PGE-RS). Mas, o executivo revela que o volume de biometano que será contratado pela distribuidora nessa fase inicial será de 100 mil metros cúbicos diários. Anteriormente, o plano da empresa era contratar 200 mil metros cúbicos diários.
O conselheiro da Abiogás pondera que 100 mil metros cúbicos por dia, para um movimento inaugural, pode ser considerado como um número positivo. “O primeiro passo é romper a inércia e apresentar para o mercado uma formatação de contrato de longo prazo, com regras estabelecidas”, reforça Cótica. Hoje, o gasoduto Bolívia-Brasil (Gasbol), que abastece o Estado, chega ao Rio Grande do Sul com uma capacidade de 2,8 milhões de metros cúbicos de gás natural diários.
Para poder distribuir o biometano que será adquirido, a Sulgás instalará redes menores de gasodutos próximas às unidades produtoras e aproveitará o transporte de Gás Natural Comprimido (GNC), para curtas distâncias. Bragagnolo faz a ressalva de que, especialmente no começo, o preço do biogás será mais elevado do que o do gás natural de origem fóssil. Porém, a expectativa é de que com o aumento da escala de produção os custos caiam, algo semelhante ao que ocorreu com a energia eólica, por exemplo. O presidente da Sulgás recorda que o Rio Grande do Sul é pioneiro na área de biogás purificado desde a implantação da planta-piloto de biometano no município de Montenegro do Consórcio Verde-Brasil (formado pelas empresas Ecocitrus e Naturovos). A operação da unidade foi iniciada em 2012.

Fonte: Jornal do Comércio (RS)

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