terça-feira, 20 de dezembro de 2016

Mercado de gás natural vai ser motivado a desenvolver novas habilidades

Gás para Crescer é uma iniciativa que será encorajadora para a expansão do mercado, avalia Hiroki Toko, CEO da Mitsui
Dona de 49% da fatia da Gaspetro, subsidiária da Petrobras para a área de distribuição de gás natural, a Mitsui avalia que o segmento vai ser motivado a desenvolver novas habilidades, diante do fato de que o setor está passando por um momento de abertura iniciado com o processo de venda de ativos da Petrobras.
A Mitsui Gás e Energia atua como holding operacional desde 2006, consolidando as participações que já possuía em algumas distribuidoras de gás. Com a aquisição, a companhia passa a deter participação acionária direta ou indireta em 19 distribuidoras – a operação foi a primeira do plano de venda de ativos da Petrobras.
O Brasil, onde atua há 70 anos, é considerado pela japonesa um dos países mais importantes do ponto de vista estratégico. Em março deste ano, a Mitsui somou aproximadamente US$ 8 bilhões em investimentos no mercado brasileiro em diversas áreas além do gás natural, como energia, agricultura e transportes.
No setor energético, além das distribuidoras de gás, a Mitsui detém participação na hidrelétrica de Jirau, que recentemente teve as obras concluídas e colocou em operação comercial suas últimas turbinas, de um total de 50 unidades.
Em entrevista à Brasil Energia, o presidente da Mitsui Gás e Energia, Hiroki Toko, disse que o Gás para Crescer é uma iniciativa que será encorajadora para a expansão do mercado, ainda que diante de desafios a serem superados, como o transporte por parte dos novos supridores e avalia que a aquisição de fatia da Gaspetro reposiciona a empresa num outro patamar no mercado de gás natural. “A aquisição de 49% das ações da Gaspetro no último ano foi um ótimo resultado desse direcionamento estratégico”, disse o executivo. Confira os principais trechos da entrevista.
Quais são os principais desafios do setor de distribuição de gás? Há algo que deva ser tratado como uma prioridade do governo?
Além dos desafios para a venda de gás, em grande parte trazidos pelo atual momento econômico, definitivamente contamos ainda com alguns outros para a aquisição de gás. Como o setor depende da Petrobras como única fonte de suprimento de gás há muitos anos, havendo mudanças nessa situação, o setor será instado a desenvolver novas habilidades. Percebendo a importância do gás natural para o Brasil, recentemente o governo federal anunciou o lançamento da iniciativa “Gás Para Crescer”, que acreditamos será encorajadora ao setor para seguir com sua expansão.
No decorrer da mudança na dinâmica do mercado, deve haver uma adequada estrutura regulatória (e comercial), sendo tomadas as medidas necessárias para diligentemente assegurar que isso se dê de forma justa e funcional. Vemos algumas barreiras para estabelecer o novo regime, particularmente para que os novos supridores de gás possam trazer ou transportar gás no país. Estamos levando nossas expectativas e desafios ao conhecimento do governo federal, por meio da Abegás, entidade que representa o setor, ou até mesmo de forma direta.
Qual é a atratividade do mercado brasileiro de distribuição de gás para a Mitsui e para a Mitsui Gás no atual contexto da economia brasileira?
O gás natural é um recurso energético de extrema importância, o que se torna mais evidente globalmente quando considerada sua abundância e o fato de ser uma fonte de energia limpa, comparativamente falando. Assim, esperamos que apesar da recente queda na demanda, a energia do gás natural no Brasil continue não só essencial, mas rapidamente retome a tendência de crescimento juntamente com o ciclo econômico.
Qual foi o principal atrativo que levou à aquisição de 49% das ações da Gaspetro?
Dentre muitas outras motivações, algumas têm especial relevância pelas características da Gaspetro e pelas perspectivas próprias da Mitsui. A Gaspetro detém participação acionária em 19 distribuidoras, uma grande e diversificada presença geográfica. Seria uma oportunidade única para ter o dinamismo da expansão da rede de gasodutos, o alicerce da distribuição de gás natural, nomeadamente do crescimento econômico, nesse nível de variedade de locações. Estaria ainda em sinergia com a ampla gama de atividades de negócios da Mitsui por todo Brasil.
Além disso, a Gaspetro tem sua própria estrutura de participação no negócio da distribuição de gás natural, por um ângulo diferente do tradicionalmente realizado pela Mitsui Gás – financeiro e administrativo. Como consideramos que a duas diferentes gamas de aptidões podem ser melhoradas e desenvolvidas quando mutuamente estimuladas, nossa participação eventualmente vai nos direcionar a agregar valor às companhias de modo mais efetivo por meio da Gaspetro e da própria Mitsui.
Se fosse ofertado, a Mitsui teria se interessado pelo controle majoritário da Gaspetro?
No que diz respeito à participação minoritária de 49%, estamos confortáveis com essa posição para manter o status quo, em termos de gerenciamento das operações das distribuidoras, pelo respeito que temos pela existente parceria com as outras acionistas dessas empresas.
A Petrobras já declarou publicamente que está mudando sua posição no setor de gás natural. Como a Mitsui Gás responderá a este movimento?
Acreditamos que esse movimento começou com a própria venda, pela Petrobras, de 49% de sua participação na Gaspetro. Respondemos a isso e tivemos sucesso na aquisição. A Petrobras permanece na Gaspetro, como majoritária. Estamos trabalhando em conjunto com a Petrobras para que esta joint-venture seja bem-sucedida.
No segmento de suprimento ou transporte de gás, a Petrobras também deverá reduzir sua presença, o que significa que uma nova dinâmica poderá surgir no futuro. De modo geral, com a devida regulamentação comercial e regulatória, seria positivo que as distribuidoras tivessem opções de fontes para a aquisição de gás. Enquanto elas se adequam a esta potencial mudança na dinâmica da aquisição de gás, nós fornecemos o apoio necessário para conduzir as mudanças a um resultado positivo.
A Mitsui Gás tem a intenção de adquirir novas ações em distribuidoras em que já detém participação?
Nós valorizamos parcerias. Ninguém possui sozinho as melhores habilidades necessárias para a gestão. Pela nossa experiência de 10 anos de relação com os demais acionistas, em especial os governos estaduais e a Petrobras, podemos afirmar que a atual parceria é complementar e se adapta bem ao modelo de negócio, que ainda se encontra em evolução.
Considerando o fato de que a expansão das redes de distribuição de gás é tão relevante ao crescimento econômico de cada estado, não vislumbramos muitos cenários onde eles estivessem dispostos a vender as suas ações. No entanto, se este fosse o caso, iríamos avaliar modelos alternativos que pudessem ser implementados, e se estes seriam adequados para atingir a missão da distribuidora, bem como a nossa própria.
E sobre novas aquisições em áreas relacionadas ao gás natural, em especial com relação a ativos vendidos pela Petrobras?
Dependendo dos ativos, a Mitsui ou a Mitsui Gás poderia avaliar. Entre muitos outros aspectos, é importante avaliar o impacto estratégico, mais especificamente o impacto que a oportunidade traria para a sinergia dos negócios da Mitsui e da Mitsui Gás, as quais, como mencionado, possuem visão de longo prazo e buscam o crescimento sustentável.

Quais são as suas perspectivas de mercado e ambições com relação ao futuro da Mitsui Gás?
Acreditando na importância do gás natural para o crescimento sustentável do Brasil, continuamos a contribuir para a evolução dos negócios da distribuição. A profunda recessão dos últimos anos e a iminente mudança na posição da Petrobras trazem algumas incertezas para o negócio e podem exigir ajustes no setor. No entanto, no longo prazo, essa importância prevalecerá e impulsionará o potencial de crescimento intrínseco ao mercado.
Com o nosso conhecimento e experiência acumulados ao longo de 10 anos, e com os valores inerentes à Mitsui, nos comunicamos com os nossos parceiros e com as distribuidoras, criando assim oportunidade não só de levar nossos valores, mas ainda de aprender mais a fim de juntos atingirmos novos patamares. Acreditamos que uma plataforma profissional de negócios, como nos consideramos, pode melhor servir o mercado de distribuição de gás no Brasil e até mesmo além.

Fonte: Brasil Energia Online

quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

GNV fica ainda mais competitivo que gasolina e etanol

No Rio de Janeiro o quilômetro rodado com o gás natural veicular chega a ser 65% mais barato; mensalmente veículos que rodam até 2.500 quilômetros alcançam economia de R$ 744.
Estudo realizado pela Associação Brasileira das Empresas Distribuidoras de Gás Canalizado (Abegás) aponta que o Gás Natural Veicular (GNV) segue com elevado índice de competitividade em relação aos combustíveis líquidos nos preços observados nos postos, mesmo após a redução do custo da gasolina nas refinarias. Dos 16 estados que compõem o levantamento feito na quarta semana de novembro, 14 registraram economia igual ou maior que 51% em relação ao etanol.
O Rio de Janeiro é a unidade da federação em que o GNV tem mais competitividade, com 65% em relação ao etanol, e 57% em relação à gasolina. Neste estado o preço por quilômetro rodado com GNV é de apenas R$ 0,16, valor mais baixo registrado no país, enquanto com o etanol é de R$ 0,45, e com a gasolina, de R$ 0,37.
Em seguida estão os estados de Santa Catarina (63% frente o etanol e 52% frente a gasolina), do Espírito Santo (61% ante o etanol e 51% ante a gasolina) e de Pernambuco (60% frente etanol e 54% frente a gasolina). No estado de São Paulo, a variação de competitividade ficou entre 54% ante o etanol e 50% ante a gasolina.

O Sudeste é a região do País em que o GN, em média, apresenta a melhor relação de competitividade — o preço médio do GNV gira em torno de R$ 0,16, enquanto o da gasolina é de R$ 0,34 e o etanol, R$ 0,37. No Centro-Oeste foi registrado o menor índice de economia – no Mato Grosso, os motoristas no estado têm 43% de economia em relação ao etanol e 41% em relação a gasolina.
A metodologia da Abegás, que realiza o estudo desde outubro de 2015, calcula a relação do custo por quilômetro rodado a partir do consumo médio de cada combustível com base nos preços médios apurados pela Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Bicombustíveis (ANP), na quarta semana de novembro,
“O levantamento mostra que, o GNV segue como uma ótima opção e continuará assim, principalmente com o recente anúncio de um novo reajuste da gasolina nas refinarias”, afirma Augusto Salomon, presidente executivo da Abegás.
“Acreditamos que o GNV é uma alternativa estratégica, inclusive em centros urbanos. Nossa proposta é estimular a adoção do GNV em transporte público municipal, com vantagens econômicas e ambientais – o gás natural emite muito menos poluentes e material particulado na comparação com o diesel”, completa Salomon.

Metodologia do estudo
Para calcular as porcentagens de economia do GNV em relação a cada combustível, o estudo da Abegás utiliza dados divulgados pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). A apuração levou em conta a média de preços apurados em cada estado no mês de novembro deste ano.
Como referência para estimar a performance com cada combustível, a Abegás utiliza o Fiat Siena, veículo que traz em seu manual de fábrica o consumo médio com os três combustíveis. Com um metro cúbico de GNV é possível percorrer em média 13,2 km enquanto com um litro de gasolina o carro anda 10,7 km e com um litro de etanol, apenas 7,5 km.
A estimativa de economia mensal é medida com base em veículos que rodem 2.500 km por mês, usando o GNV em substituição à gasolina e ao etanol.
Fonte: Comunicação ABEGÁS

segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

Bolívia: Governo adia para janeiro negociação com o Brasil para a venda de gás

O ministro de Hidrocarbonetos da Bolívia, Luis Alberto Sánchez, informou que em meados de janeiro de 2017 negociará a venda de gás com autoridades do Brasil, executivos de Petróleo Brasileiro S.A (Petrobras) y empresas privadas. “Tudo aponta que o Brasil vai querer o mesmo volume que seja por Petrobras ou outras empresas privadas e a oportunidade que nós temos é vender a melhores preços”, afirmou.
Sánchez adicionou que o seu gabinete trabalha com a oferta e demanda de gás natural ante o interesse do Brasil de explorar as áreas San Telmo e Astillero em Tarija de forma conjunta com a estatal Yacimientos Petrolíferos Fiscales Bolivianos (YPFB). “Hoje se há aberto o mercado do Brasil e Petrobras comprará o 50%, o 70% o el 100%. Ellos estão trabalhando na norma e qualquer uma é uma oportunidade para a Bolívia”, insistiu. Brasil é um dos sócios comerciais da Bolivia e junto com Argentina se constituem no mercado principal para as exportações de gás.

Nos últimos meses Palácio de Planalto se concentrou em um processo de ajustes normativos que prevê a abertura do mercado gasífero a empresas privadas, o que dará menor participação para a Petrobrás, mas mais abertura ao mercado.
Nessa linha, YPFB e Empresa Produtora de Energia Elétrica (EPE) do Brasil assinaram nessa terça, na Cidade de La Paz, um contrato de exportação de gás natural para a termelétrica de Cuiabá, cuja compra gerará até 2019 uma receita para o país de US$ 556 milhões.

Fonte: Gesel / La Razón – Bolívia