terça-feira, 28 de maio de 2013

Gás para crescer

O último leilão de petróleo e gás, realizado há duas semanas, foi um sucesso. Os investimentos previstos, da ordem de R$ 7 bilhões, indicam o interesse e a importância estratégica desses combustíveis para a economia.
Só não se pode dizer que o resultado foi uma surpresa. Aguardado há pelo menos cinco anos, a licitação organizada pela Agência Nacional de Petróleo (ANP) responde parte das expectativas do setor, mas restam, ainda, muitas lacunas a serem preenchidas no campo energético.
Infraestrutura e energia são pródigas em exemplos que rejeitam o pensar na véspera. Tanto que atraso em obra, no Brasil, já é quase um pleonasmo. Onde há uma obra, há um atraso. E milhões de reais desperdiçados em orçamentos que têm de ser revistos incontáveis vezes. Os responsáveis pela construção de Belo Monte já pedem, por conta dos “imprevistos”, um aditivo no contrato de cerca de R$1 bilhão.
Em São Paulo temos procurado fazer o oposto, prever, planejar. Há alguns meses divulgamos estudos que destacam os potenciais para uso de energia eólica e solar no Estado. No caso dessa última, o custo de geração ainda é mais elevado do que das demais, mas como tudo é uma questão de evolução tecnológica, em breve será umafonte economicamente competitiva.
Pela importante presença de indústrias no Estado e pelos dados apontados em estudo do IPT, São Paulo não abre mão de incluir o gás de xisto em sua matriz energética.

Aproxima aposta vem do solo, debaixo dele, na verdade. Estudos solicitados pela Secretaria de Energia ao IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas) reafirmaram a vocação gasífera da Bacia do Paraná, apontando a presença de reservas de gás de xisto (shale gas). Nossa expectativa é que o resultado favoreça a criação de um ambiente propicio à atração de investimentos nas atividades exploratórias e produtivas deste energético, que permitam a confirmação desta potencialidade.
Comercializado nos Estados Unidos a US$ 2,7por milhão de BTU (medida de referência internacional que designa British Thermal Unit), o shale gas tem causado grande impacto na economia norte-americana, motivada, principalmente, pelo setor industrial, mas atingindo também outras áreas, como transporte, por exemplo. O valor médio do gás (nacional e importado) comercializado no Brasil, em 2012, variou entre US$ 12 e US$ 16 por milhão de BTU. Ou seja, cerca de cinco vezes mais elevado que o custo do gás de xisto nos EUA.
Expressiva demais para ser ignorada, essa diferença de custos fez soar mais um alarme sobre a indústria brasileira. Grande consumidora de energia, a competitividade da indústria está diretamente relacionada ao preço dos energéticos, que podem representar até 35% do custo da produção!
Portanto, não podemos mais viver da promessa de que um dia teremos autossuficiência de petróleo e que nesse dia tudo dará certo. Ainda que isso aconteça – e todos queremos que seja em breve – é preciso apresentar alternativas, boas o suficiente para convencer os investidores a virem ou a permanecerem no Brasil, agora.
Oferecer uma cesta de opções energéticas, diversificada e com custos adequados, costuma ser um argumento bastante importante numa negociação. Por isso, contamos com a possibilidade de termos blocos de gás de xisto licenciados para exploração no território de São Paulo, o que deve acontecer a partir do leilão da ANP programado para o final de outubro.
Senão pela importante presença de indústrias no Estado, mas também pelos dados apontados no estudo do IPT, São Paulo não abre mão de incluir, em sua matriz energética, mais uma opção para o desenvolvimento: o gás de xisto.
Fonte: Brasil Econômico

segunda-feira, 13 de maio de 2013

A era de ouro do gás natural – e o Brasil?


O mundo vive a era de ouro do gás natural e os EUA lideram essa revolução, usando o seu natural pragmatismo, por meio de incentivos corretos para que o mercado se desenvolva rapidamente. Com o aumento da competitividade da energia local, o país está repatriando investimentos em setores como química, fertilizantes, vidro, etc. Paralelamente, suas cidades já se beneficiam do ar mais limpo por causa da rápida troca do combustível das termoelétricas de carvão e óleo combustível para o gás natural, abundante e barato. Não tenham dúvidas de que nos próximos anos veremos os EUA serem, novamente, o país de maior crescimento entre os países desenvolvidos. Só que, desta vez, com menos poluição e com razoável independência em relação à importação de energia de outras partes do mundo.

Aqui, no Brasil, temos oportunidade semelhante, já que possuímos grandes reservas de gás, além de contarmos com o potencial de nossos vizinhos próximos, como Bolívia, Peru e Argentina, que precisarão do grande mercado brasileiro para monetizar suas amplas reservas. Para que isso ocorra, é necessário que a política energética e de transportes do Brasil inclua o gás natural de maneira séria e definitiva, reconhecendo os seus benefícios econômicos e ambientais e concedendo os incentivos corretos para o desenvolvimento da demanda e, consequentemente, da oferta.
Inúmeras distorções precisam ser corrigidas rapidamente. O gás natural é o único combustível da matriz brasileira que não sofreu nenhum tipo de desoneração de impostos nos últimos anos. A gasolina e o diesel tiveram zeradas as alíquotas da Cide, enquanto o etanol foi beneficiado pela zeragem da alíquota de PIS/Cofins. O botijão de 13 kg do GLP não sofre aumento na refinaria desde janeiro de 2003. E não existem incentivos, como redução dos royalties, para a produção de gás natural.
Do lado da demanda, a indústria automobilística nunca foi direcionada para produzir o verdadeiro carro flex no Brasil (GNV e etanol) e, após o apagão do gás de 2008, quando a demanda das termoelétricas ameaçou o fornecimento de gás natural para outros usos, as conversões de automóveis para gás natural despencaram.
No setor elétrico, as térmicas a gás natural não fazem parte da base do sistema, não cumprindo o papel de garantidoras de demanda do combustível, tão necessário para o desenvolvimento do setor. Além disso, ao contrário dos incentivos de redução de IPI e outros impostos para a construção de novas bases de energia, a cogeração comercial e industrial não conta com nenhum tipo de estímulo. E, para completar, a proposta de redução do ICMS interestadual para todos os produtos no Brasil prevê tratamento diferenciado ao gás natural, com alíquotas maiores que as de outros produtos.
As medidas necessárias para corrigir essas distorções e tornar o gás natural competitivo são simples. Boas iniciativas seriam a eliminação do PIS/Cofins, tratamento diferenciado na cobrança de royalties para o gás natural e alíquotas interestaduais de ICMS de 4%. Só com a queda de 12% para 4% da alíquota de ICMS, o preço do gás cairia 9%.
Para fomentar a demanda, dever-se-ia incluir a geração térmica a gás natural na base do sistema elétrico, com a elaboração de um calendário de leilões direcionado para essa fonte. Ainda no setor elétrico, seria positiva a eliminação do ICMS e do IPI para os equipamentos utilizados nos projetos de cogeração a gás natural. Outra medida seria a volta do incentivo ao uso do gás natural como combustível veicular, por meio da redução do IPVA e do IPI.
A política atual revela que, ao contrário do resto do mundo, especialmente na China, Coreia e EUA, o Brasil não tem uma estratégia clara para incentivar o uso e a produção de gás natural. Com essas medidas, estaremos dando passos largos para termos no País uma base crescente de consumidores, comércios e indústrias que usufruirão o benefício do combustível fóssil mais limpo do mundo. O Brasil precisa do gás e está na hora de levar isso a sério!
Fonte: O Estado de S.Paulo

terça-feira, 7 de maio de 2013

A polêmica sobre o gás de xisto na Europa

Especialistas sabiam há muito tempo que haveria grandes quantidades embutidas de gás metano a serem exploradas nas camadas rochosas xistosas. O que estaria faltando para desenvolver o setor seriam o aperfeiçoamento da tecnologia e o estímulo comercial fornecido pela sinalização dos preços.
Nos Estados Unidos, o baixo preço do gás de xisto tem levado muitas empresas a reconsiderar seus planos de investimento em novas perfurações, uma vez que a lucratividade não compensaria. Discute-se se a saída para elevar os preços seria a exportação do produto, reduzindo a oferta para o mercado doméstico. De outro lado, os que são contra as exportações levantam o argumento da segurança energética. Até agora, apenas uma licença de exportação foi concedida. De fato, a regulação do setor nos Estados Unidos compete aos governos estaduais, e, até hoje, apenas dois estados, Nova York e Vermont, não permitem a exploração do gás de xisto no limite de seus territórios.

A China possuiria as maiores reservas conhecidas de gás de xisto, a seguir viriam os Estados Unidos, Austrália, Argentina, África do Sul e partes da Europa. Na Europa, no entanto, muitos países ainda se mostram reticentes quanto a explorar o produto. França e Bulgária anunciaram que renunciam ao direito de produzi-lo, por questões ambientais ou de política industrial, enquanto outros países avaliam a possibilidade da extração. Dado que o gás natural é mais barato que o petróleo na criação de diversos produtos derivados dos combustíveis fósseis, as grandes empresas europeias do setor petroquímico estariam pressionando os políticos europeus a aceitar a exploração das jazidas de xisto, uma vez que os concorrentes americanos estariam obtendo vantagens na oferta abundante e barata do gás de xisto.
A questão da exportação americana de gás de xisto não é tão simples como parece. O gás, diferente do petróleo, não é exportado em um mercado global, mas, sim, regionalmente. Na Europa, o gás natural americano deve competir com o gás de gasodutos transportado da Rússia e Noruega, e o GNL importado de países como o Qatar. A Rússia, por sua parte, não anda muito satisfeita com a potencial competição americana e, quem sabe, europeia na oferta de gás natural para o atraente mercado europeu, e tudo indica que ela deverá usar seu peso político e capacidade de produção de gás natural convencional para se manter como fornecedor da região.
Na Europa, mais do que nos Estados Unidos, as questões regulatórias, especialmente as ambientais, são grave empecilho para o desenvolvimento do setor. O gás de xisto implica não apenas na emissão de gases na atmosfera (o metano é 20 vezes mais poluente que o CO2), mas inclui outros fatores, como riscos sísmicos antropogênicos, consumo excessivo e contaminação da água. Ademais, como em toda atividade de mineração, a exploração do gás de xisto incorre em profundas alterações na paisagem.
O gás de xisto europeu teria que competir com o gás convencional abundante e barato dos atuais fornecedores - Rússia, Noruega, Argélia e Holanda -, mas reservas notáveis deste gás foram descobertas na Polônia, França e Noruega. Na Polônia, o país europeu que vem desenvolvendo mais seriamente a exploração das reservas de gás de xisto, o gás natural representa, hoje, apenas 15% da matriz energética. Além disso, a Polônia não possui experiência no setor de petróleo e gás, sem a infraestrutura necessária para a exploração. No fundo, o gás de xisto é uma autêntica revolução, mas ainda mais um sintoma da necessidade de extrair todas as gotas de combustíveis fósseis que o mundo moderno ainda carrega.
Informação de: NN Petróleo

segunda-feira, 6 de maio de 2013

Gás natural muda o mercado de energia nos Estados Unidos


O boom do gás natural já começa a inverter a indústria de energia nos Estados Unidos, deslocando carvão e barateando o custo da eletricidade.
O setor de transporte rodoviário de cargas começa a dar um salto para a frente na mudança do petróleo para o gás natural de queima mais limpa.
Este mês, a Cummins, um maior fábrica de motores dos EUA, começou a vender novos motores movidos a gás natural

Uma rede de postos de abastecimento já permite viagens de longa distância, tornando viável o uso do gás pelos transportadores rodoviários.
Grandes fabricantes, como a Procter & Gamble, preocupados em associar suas imagens ao combustível mais ecológico, começam a renovar suas frotas com caminhões movidos a gás.
O mais recente sinal do impulso do gás natural no transporte é a decisão da United Parcel Service (UPS) de trocar sua frota de 800 caminhões por modelos a gás este ano.
Os veículos vão usar os novos motores Cummins, produzidos em associação com a Westport Innovations.
A UPS, como o resto da indústria, ainda tem um longo caminho a percorrer na conversão, mas o governo concede incentivos na forma de créditos fiscais e subvenções.
Nos últimos quatro anos, o boom da perfuração de gás natural de xisto produziu um excesso de combustível de baixo custo. A economia para os caminhoneiros é de cerca de US$ 1,50 por galão.
Além de mais barato, a queima é mais limpa, tornando mais fácil para atender as normas de emissões. O combustível doméstico também fornece algum isolamento da geopolítica volátil que pode elevar os preços do petróleo a qualquer momento.
O preço dos veículos movidos a gás, que custam o dobro dos convencionais, ainda é uma barreira que o país tenta atravessar. Outra dificuldade é o número ainda reduzido de postos de abastecimento.
Agora, além empresas detentoras de marcas famosas como Nike e Wal-Mart também começam a pressionar para garantir o transporte de suas mercadorias por veículos a gás natural. Com isso, fabricantes de caminhões começaram a lançar modelos novos adaptados para o combustível.
Fonte:  O Estado de S.Paulo