segunda-feira, 15 de maio de 2017

Brasil tem a maior probabilidade de se tornar autossuficiente em gás na América Latina

De acordo com a Rystad, país deve dobrar produção do energético até 2022
O Brasil é o país da América Latina com maior probabilidade de se tornar autossuficiente no suprimento de gás natural nos próximos anos, acredita Kjetil Solbraekke, vice-presidente sênior da Rystad Energy na América do Sul. A previsão é que o país dobre a produção de gás até 2022 e a tendência de crescimento deve se manter mesmo após este período.

Nos próximos anos, o crescimento da produção de gás no país deve vir principalmente na produção associada no pré-sal. Solbraekke lembra que é necessário achar soluções para este gás, como a queima ou venda para o mercado.
“O gás do pré-sal representa uma enorme oportunidade econômica para o Brasil e deve ser coletado e se tornar disponível comercialmente”, defende o analista.
Outra possibilidade é a instalação da indústria que mais consome o energético nas proximidades da costa, o que reduziria o risco dos produtores de gás, mas pode fazer o país ficar ainda mais dependente da importação de GNL para cobrir um potencial descompasso entre a produção e a demanda para geração elétrica. Para que o país se torne autossuficiente, o analista defende a necessidade de mudanças na organização do mercado de gás e energia, de modo a tornar mais previsível a geração a base de gás.
“Esta mudança exige uma significativa alteração em como os leilões de energia são executados, mas é uma necessidade para que o Brasil seja capaz de desenvolver um mercado mais previsível e com custos mais eficientes”, explica Solbraekke.
Atualmente, a América Latina é importadora de gás, majoritariamente, GNL. Solbraekke afirma que o mercado de gás na região é segmentado, relativamente pequeno, dominado por estatais e não tem regulações muitos transparentes, mas que tem recursos ainda não desenvolvidos que podem levar à autossuficiência.
“O mercado de gás na América Latina deve mudar significativamente nos próximos cinco anos”, explica o analista, que ressalta que o Brasil, Argentina e Bolívia são os países com maior potencial de crescimento do setor no momento.
De acordo com Solbraekke, caso o Brasil se torne autossuficiente, o fluxo de gás da Bolívia deve se direcionar principalmente para Argentina e Chile. Ainda assim, a previsão é que as exportações bolivianas caiam, já que o mercado interno tem demonstrado aumento na demanda, ao passo em que não há previsão para aumento da produção, pois já poucos novos projetos em desenvolvimento.
 “A Bolívia não tem atualmente capacidade para aumentar as vendas de gás para os países vizinhos e há maior probabilidade de que reduza as exportações para Argentina, Brasil e Chile. A menos que novos recursos sejam adicionados rapidamente às descobertas existentes, a produção pode ter um declínio de até 7% a Bolívia”, explica Solbraekke, referindo-se ao período entre 2017 e 2022.
O analista acredita que há a possibilidade de que a produção não convencional em Vaca Muerta, na Argentina, substitua as exportações bolivianas para os países da região. No entanto, Solbraekke lembra que a Argentina também está passando por um crescimento na demanda interna pelo energético e que a produção convencional no país está em queda e deve ser substituída pela não convencional.
 “A produção total prevista para a Argentina deve cair mesmo com o significativo aumento na produção não convencional (…) A baixa infraestrutura significa que os recursos de Vaca Muerta levarão um tempo para serem desenvolvidos e certamente não cobrirão a diferença entre demanda e consumo na Argentina e não região dentro de um tempo razoável”, adiciona.
De acordo com a WoodMackenzie, por exemplo, a produção de Vaca Muerta deve alcançar um pico entre 700 mil boe/dia e 1,25 milhão de boe/dia apenas em 2031.
Solbraekke defende que a região poderia se beneficiar de acordos mais flexíveis e baseados nas condições de mercado quando ocorrerem as negociações entre os países para a venda do energético.
No momento, Brasil e Bolívia iniciam as negociações para um novo acordo de importação de gás, já que o contrato atual vence em 2019. As importações brasileiras do gás boliviano em 2016 ficaram na média de 28,4 milhões de m³/dia, em linha com os volumes históricos.
Fonte: Brasil Energia OG Online

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